Regionais
Como o Brasil é um país muito grande e temos muitas escolas médicas, dividimos a nossa executiva em 8 regionais, para trabalhar melhor e dar mais atenção às nossas entidades de base, que são os Centros e Diretórios Acadêmicos.
As 8 regionais que compõem a DENEM, bem como os Estados englobados por cada uma delas, são:
REGIONAL SUL 1: Rio Grande do Sul e Santa Catarina
REGIONAL SUL 2: São Paulo e Paraná
REGIONAL SUDESTE 1: Rio de Janeiro e Espírito Santo
REGIONAL SUDESTE 2: Minas Gerais
REGIONAL CENTRO OESTE: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Distrito Federal
REGIONAL NORDESTE 1: Bahia, Sergipe e Alagoas
REGIONAL NORDESTE 2: Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí.
REGIONAL NORTE: Pará, Amapá, Amazônia, Roraima, Rondônia, Acre e Maranhão.
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Estatuto - DENEM
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Feminismo
Introdução - bases do processo de aprisionamento da mulher
Nem sempre a mulher esteve presa às amarras do patriarcalismo, essa opressão, assim como diversas outras, foi criada através do processo de construção da sociedade. Tomemos a organização material e social humana desde o estado selvagem. Nesse período, o ser humano formava grupos e estabelecia uma forma de organização social classificada como “comunismo primitivo”, onde havia uma divisão sexual das tarefas baseadas nas diferenças fisiológicas e reprodutiva entre homens e mulheres. As produções e utensílios eram coletivas assim como não havia noção de herança (considerando que não havia produção de excedentes e propriedade privada). Portanto, os laços de parentesco eram condicionados ao próprio modo de vida daquele estágio de desenvolvimento.
Com a liberdade sexual a progênie era somente percebida pela linha materna. Segundo Evelyn Reed, além do direito materno e da importância do seu papel reprodutivo, o papel produtivo da mulher fez com que ela possuísse essa centralidade perante a sociedade. Eram elas quem permaneciam nas moradias e desenvolviam coletivamente formas de preparação e armazenamento de alimentos, medicação, provimento de utensílios, produção de artes em cerâmica etc. Temos então que, a mulher foi de extrema importância para o embrião do conhecimento em áreas como a medicina, física, gastronomia, química, artes, marcenaria etc. Sendo assim, essa configuração social conferia a ela respeito e consideração.
com o desenvolvimento de técnicas mais avançadas de produção e armazenamento de alimentos, surge os excedentes de produção e com eles a sedentarização da humanidade. Esse excedente representa, além da segurança de sobrevida, também o acúmulo e a geração de poder social. Com a quantificação do trabalho humano, acúmulo e geração de valores (que formam um ciclo), a propriedade ganha importância. Assim, ferramentas, alimentos, gado, contruções etc passam a ser propriedade oriundas do trabalho humano. A partir desse movimento houve a consolidação da propriedade privada como cerne da sociedade e no processo de concentração de riquezas, formando-se assim classes antagônicas (os detentores do meios de produção e de outro lado mão de obra - onde se concentrava a maioria da população e de forma contraditória não detinha direito a propriedade e bens).
De forma a assegurar a perpetuação dos bens, surge a família individual em que o homem torna-se o centro e a mulher propriedade com fins de procriação. A mulher tem o direito materno abolido para dar lugar ao paterno, sendo que o fator determinante para isso foi a propriedade masculina sobre a propriedade, gado e escravos conquistados. A monogamia é imposta somente à mulher sob uma lógica de que era necessário realizar o controle reprodutivo dela em vista da produção de excedentes e da questão da herança. Foi nesse periodo em que houve o aumento da prostituição que estava intimamente ligada a familia monogamica e constituia uma de suas vigas sustentadoras.
A mulher é acorrentada a monotonia de tarefas do lar que nada contribuem para sua capacidade criativa/inovadora ou para o incremento do seu conhecimento e encontra-se excluída da vida política e social. Vemos que os espaços antes ocupados pela mulher, foram proibidos para elas.
A sociedade passou por diferentes regimes de produção: o escravagismo, o feudalismo e o capitalismo. A transição do feudalismo, em que as mulheres eram colocadas como seres inferiores, sem inteligência e privada de direitos, para o capitalismo, sob um ótica europeia, foi marco transformador social e consequentemente do papel da mulher na sociedade.
Primeira onda
(séc. XIX e início séc. XX)
O advento do capitalismo industrial introduziu o trabalho assalariado. Nesse cenário, a família urbana deixa de ser voltada para a produção, a qual passa a ser a industrial, e assume o posto de unidade de consumo e reprodutiva. O desenvolvimento industrial possibilitou que as máquinas pudessem ser utilizadas por mulheres e crianças, trazendo o ingresso feminino na produção industrial, principalmente no setor têxtil. Esse processo for um marco muito importante para a maior independência da mulher, que passou a possuir renda própria, apesar de que isso também intensificou a exploração feminina.
O ingresso da mulher na produção foi, além da necessidade capitalista pelo aumento do acúmulo de capital, também uma forma de aumentar a mais valia extraída da classe trabalhadora. Engels trás em seu livro “os diferentes ramos da indústria” que, o trabalho masculino foi substituído pelo de mulher e crianças os quais recebiam menos pelo mesmo serviço executado por um homem. Além disso, as mulheres eram obrigadas devido às circunstâncias a voltarem à fábrica muitas vezes três ou quatro dias após o parto.
O período era regado pela competição por postos de trabalho e a ameaça de desemprego circundava todo o proletariado promovendo o sucateamento das condições de trabalho. A mulher, além de enfrentar dupla jornada de trabalho, ainda sofria com a falta qualificação e maior índice de desemprego. Soma-se a isso a privação das mulheres em assuntos públicos e políticos. Temos que, apesar das mulheres terem adquirido salário, esse não era capaz de garantir sua independência econômica.
A partir dessas contradições surgiu a “questão da mulher” e conjuntamente o movimento de mulheres contra a exploração e opressão. Portanto, foi a partir do capitalismo que foram levantadas contradições estruturais no papel social e produtivo da mulher (vale destacar que o movimento de mulheres surgiu desde o inicio da propriedade privada).
Embora a mulher tivesse seu papel econômico modificado com a industrialização, ela ainda permanecia com seu papel social de doméstica e dona de casa evidenciando como o Estado burguês depende da família para a manutenção da sociedade, tendo em vista que este necessita da criação social de crianças (exército de reserva) e a garantia de refeitórios e lavanderias públicas, gratuitas e para todos. Em meio a tantas mudanças econômicas e sociais o que ainda permaneceu inalterado no capitalismo industrial foi a sociedade de classes, a família monogâmica, a propriedade privada e o patriarcalismo, que conjuntamente resultam no enclausuramento da mulher.
As mulheres pobres, eram oprimidas tanto no lar como também exploradas pelo capitalismo. Assim como, mulheres burguesas, mesmo que em situação privilegiada e de exploradora, se via presa a uma ideologia arcaica e resistente a conferir direitos às mulheres. É nesse contexto em que trabalhadoras e burguesas agarraram-se aos ideais da Revolução Francesa de igualdade, liberdade e fraternidade e de tudo aquilo que foi prometido a partir de instauração de uma nova ordem. Somando-se todos os fatores contraditórios suscitados pela lógica instaurada na época, as mulheres inicia as reivindicações pelos seus direitos e por movimentos organizados. Marsha Lear, em 1968, realiza a metáfora de “onda” relacionada ao movimento para escrever para a The New York Times Magazine. O termo “primeira onda” do feminismo foi usado para designar o período de lutas pelas demandas femininas entre o séc XIX e início do XX.
No contexto da independência dos Estados Unidos movimentos feministas questionaram quanto às mudanças que a Declaração de Independência traria para as mulheres. Realizou-se então a convenção de Seneca Falls, 1848, em que foi feita a declaração de respeito aos direitos das mulheres norte americanas. Esse movimento contestou a inclusão e participação das mulheres nos direitos parlamentares, eleitorais, profissionais e de organizar-se em movimentos ou organizações políticas.
Houve divergências entre feministas sobre o que consiste a primeira onda, se seria um legado histórico do qual a segunda onda é continuidade ou se é um movimento burguês e reformista. Germaine Greer sugere que o termo “segunda onda” compreende algo “novo” e revolucionário, enquanto que a primeira onda seria, de forma geral, algo antigo e reformista
Um marco da primeira luta pelos direitos das mulheres em paíse que haviam passado pela revolução industrial (XIX e XX) foi a luta pelo sufrágio feminino. No Reino Unido havia clara contradição entre a atuação econômica feminina e a privação do voto feminino por uma suposta incapacidade de compreensão do parlamento britânico. Foi nesse contexto em que as mulheres tomaram as ruas, o movimento passou a ser amplamente conhecido e teve como resultado a conquista do voto feminino no Reino Unido. Gradualmente, foi-se conquistando o direito ao voto feminino em outros países. Países coloniais, assim como o Brasil, tiveram essa conquista de maneira tardia (nacionalmente o voto feminino só foi validado a partir do decreto nº21076 de 1932)
Além disso, o século XIX e início do XX foi palco de diversas lutas de mulheres trabalhadoras por melhores condições de trabalho, pelo direito ao alimento, quebrando máquinas, fechando fábricas. Foram movimentos revolucionários que tiveram grande importância na primeira onda de reivindicações pelos direitos das mulheres. É importante ressaltar que essas manifestações da classe trabalhadora foram alvo de violenta oposição das mulheres burguesas e também resultou em uma cisão do movimento, evidenciando o caráter de classe das reivindicações.
Após o período agudo da Revolução Francesa, com o propósito de restabelecimento da “ordem”, a ideologia machista, volta-se ao plano ideológico. A opressão feminina é um dos fatores imprescindíveis para a manutenção do capitalismo, intimamente ligado à família e à propriedade
A partir da delimitação das duas classes econômica e politicamente centrais no capitalismo: proletariado e burguesia, a diferença entre mulheres pobres e mulheres de alta classe se intensificaram. No decorrer do século XIX evidenciavam-se cada vez mais a diferenças de interesses de operárias e burguesas.
A Primeira Guerra Mundial foi um período em que colocou novamente a prova a união das mulheres de classes diferentes. Houve a polarização entre as burguesas nacionalistas pró-classe dominante e as trabalhadoras que denunciavam a guerra e lutavam pela revolução socialista no momento de fragilidade das burguesias nacionais. Nesse período, em que os homens estavam no campo de batalha, as mulheres tornaram-se ainda mais integradas a produção, fator decisivo para o protagonismo da revolta das mulheres russas na Revolução de 1917.
Revolução Russa
As trabalhadoras desempenhavam papel imprescindível durante a revolução, através da articulação em organizações e partidos, posse em cargos estratégicos e protestos. Após a revolução, houve grande contradição entre as tarefas revolucionárias e o estágio em que se encontrava a Rússia: majoritariamente agrária, atrasada economicamente e com uma população passando fome. Contudo, a primeira Constituição da Republica Soviética concedeu às mulheres o direito ao voto e a candidatura para cargos públicos, o Código do Matrimônio, da Família e da Tutela do Estado Soviético, implementava aos poucos a união livre, o direito ao casamento e ao divórcio desvinculados da Igreja. Também conferia direito à pensão alimentícia para mães solteiras, importante avanço para a o rompimento dos privilégios masculinos na apropriação dos bens no casamento.
Dado a população majoritariamente agrária e conservadora e delimitações consevadoras, a politica stalinista implementou diversos elemtentos conservadores: o Comitê Executivo Soviético Central emitiu um decreto que declarava o aborto ilegal, a propaganda do Estado realizada em 1936 era pró-natalidade, valorizava a família e oferecia benefícios às mães proporcionais à quantidade de filhos. o partido stalinista vira as costas para sua tarefa revolucionária de criar condições sociais para que a familia não precise mais existir e que a mulher não seja mais inferiorizada e acorrentada como objeto.
A contenção da política de Stalin assim como crise do capitalismo (década de 70) levaram ao retrocesso dos direitos femininos conquistados em todo mundo. Portanto, temos que os direitos conquistados estão condicionados à situação socioeconômica da sociedade de classes
Segunda onda
Ao fim da Segunda Guerra mundial o movimento feminista retoma sua força, favorecido pelas oportunidades materiais (fruto do “boom” econômico e uma nova forma produtiva pós guerra) e pelos interesses da classe dominante (contenção da “ameaça” comunista). O mundo europeu obteve grandes conquistas quanto ao desenvolvimento de métodos contraceptivos, melhorias sanitárias e facilidades provenientes do uso de eletrodomésticos resultando na mudança da condição doméstica feminina, viabilizando sua maior participação na produção, modificando o papel social da mulher (marco da segunda onda femininsta). Contudo, apesar das mudanças que ocorreram ao longo dos anos, a mulher continuou (mesmo com as facilidades tecnológicas) responsável pelos cuidados domésticos, sendo oprimida e explorada.
Diferentemente da primeira onda, onde as feministas focaram sua luta nas conquistas jurídicas, na segunda onda elas lutavam por questões igualitárias sociais e legais. Essa onda está associada aos movimentos de libertação feminina da década de 60 à 80. Houve duas visões diferentes quanto ao que representava a segunda onda: uma parte das feministas consideravam que tal onda era o desenvolvimento de um movimento político contínuo que fora iniciado por volta do século XIX, já a outra parte considerava que a segunda onda foi uma mudança de essência do movimento, contrapondo-se, em relação aos objetivos visados e atores sociais envolvidos, à primeira onda.
A crescente luta feminista teve como consequência diversas medidas realizadas pelo parlameto burguês. O então presidente Kennedy (1961), estabeleceu a Comissão Nacional para o Estatuto das Mulheres, responsável por assuntos relacionados à emprego, educação e seguro social. Em 1963/1964 o Governo Federal tentou eliminar a desigualdade salarial entre homens e mulheres (para o mesmo emprego) a partir da Lei dos Direitos Civis. Uma das primeiras conquistas pela igualdade de direito das mulheres norte americanas foi a aprovação do anticoncepcional para as mulheres, importante passo na questão de direitos reprodutivos. Porém, apesar dessas conquistas terem sido oficializadas muitas delas não eram colocadas em prática. Isso fez com que um conjunto de mulheres ativistas fundassem a NOW - Organização Nacional das Mulheres. Essa organização teve grande êxito no campo legalista, conquistando aprovação de emendas numa batalha pelo reconhecimento da cidadania da mulher e questões pró aborto, além da proteção de mulheres vítimas de estupro e/ou agressão física.
O movimento expandiu-se não apenas por demandas democráticas mas também em realizar estudos relacionados à história da mulher e as origens da opressão. Logo, a segunda onda caracterizou-se por debates que eram considerados problemas políticos e culturais, e questões como sexualidade, família, direitos reprodutivos, violência doméstica, jornada dupla, igualdade legal e divórcio etc(“novas questões”). Para isso, tentavam politizar as mulheres para combater a estrutura sexista detentora do poder.
Parte das feministas da década de 60 restringiram a primeira onda a apenas lutas legais protagonizadas por mulheres da alta sociedade. Essas feministas ignoraram o legado das revoluções (destaque para a Revolução Russa e do Estado Soviético), que eram lutas das mulheres trabalhadoras, em que elas não reconheciam as batalhas como luta de gênero mas sim uma luta de classes. Esse recorte afasta o movimento do percurso histórico das lutas emancipacionistas feministas e desconsideram as experiências sobre a estrutura e luta social de trabalhadoras nas décadas anteriores. Num momento pós guerra, tentou-se novamente internacionalizar o movimento, unindo trabalhadoras e capitalistas. No entanto, a ideologia neoliberal, que propagava a manutenção da exploração, foi um dos fatores que levou a um racha do movimento.
Com a queda da URSS, o movimento sofre uma ruptura, em que parte dele passa da postura independente para a via institucional. Adaptando-se a partidos, ao academicismo e instituições promovendo diferentes interpretações sobre a opressão de gênero e diferentes métodos de combate. Assim como, ocorre também, divisões compostas por estudantes, negros, LGBTs e etc.
Tendencias Feministas da Segunda onda
As três correntes principais oriundas da segunda onda são:
Feminismo liberal cujas raízes partem das lutas legalistas da primeira onda
Feminismo radical que expressou-se inicialmente na década de 60, alegando ser um movimento que se contrapõe ao liberal, ressaltando o sexismo como cerne da problemática social
Feminismo socialista que também teve início na década de 60 e contituiu-se pela tentativa de unir a teoria marxista com o feminismo
Terceira onda
Uma grande ramificação se desenvolveu a partir da terceira onda do movimento feminista:
Feminismo da Diferença
É a partir dessa nova onda que surge o feminismo da diferença (segundo Andrea DÁtri) oposto a institucionalização de parte do movimento. Essas feministas defendem uma ética feminina em que as diferenças entre homens e mulheres são hierarquizadas nas sociedades, sendo as características masculinas consideradas como superiores. Portanto, essa linha vê que homens e mulheres não devem ser considerados iguais, pois ser diferente não é algo ruim. O que é ruim é a inferiorização proveniente dessas diferenças. Assim, o objetivo principal não é a eliminação da diferença mas entender que ela existe e considerá-la.
Carol Gilligan, autora referência do feminismo da diferença, coloca que não houve momento na história que mulheres e homens partilhassem o mundo de maneira igual e que na atualidade, apesar de consideráveis melhoras na condição feminina, há uma pressão exercida por valores de costumes sociais, morais e aspectos materiais do sistema que impedem com que a mulher desfrute verdadeiramente dos direitos. Segundo a autora, o patriarcalismo tem como característica a divisão entre os gêneros, sendo que esses são considerados opostos e não como complementares, sendo que a voz da justiça e dos princípios (características masculinas) e a voz do cuidado (características femininas), entrando em equilíbrio seria suficiente para a quebra do patriarcalismo. Essa visão é diferente da visão de marxistas que creem que é a partir da transformação estrutural da ordem da moral e dos costumes será possível o fim do patriarcalismo.
Gilligan ainda afirma que a partir da inserção das mulheres nas instituições sociais seria um elemento facilitador da maturidade moral de homens e mulheres, pois com o reconhecimento da complementaridade seria possível quebrar a falsa lógica dualista construída pelo patriarcalismo. Portanto, a autora acredita que haveria um mudança voluntária realizada por homens e mulheres dado que as mulheres estivessem inseridas nas instituições sociais contemporâneas.
Movimento Feminista Multiculturalista
O movimento feminista multiculturalista coloca que o feminismo ocidental é enviezado pelo imperialismo, centrando-se na mulher branca, heterossexual e de classe média. Esse movimento destaca que a partir de singularidades étnicas,sociais e de identidade de gênero as mulheres possuem experiências diferentes (portanto, não haveria experiências unificadoras de todas as mulheres). Temos então um movimento que é contra a suposição que a heterossexualidade é superior, o colonialismo e o racismo.
As feministas multiculturalistas denunciam o “multiculturalismo ornamental” e os feminismos brancos burgueses como parte da hegemonia cultural ocidental. Segundo María Lugones, esses feminismos vieram incorporando as diferenças em uma falsa universalização, onde só se enxerga a dominação da mulher branca. Lugones propõe um multiculturalismo radical e feminismos das mulheres de cor sendo essas propostas contra o eurocentrismo; criador da versão dominante da história da colonização no Ocidente.
A autora coloca que não há irmandade de gênero entre as mulheres brancas (categorizadas como burguesas) e mulheres de cor (categorizadas como trabalhadoras). Sendo que um possível fator que poderia gerar a irmandade seria a compreensão da questão da cor e da cultura caracterizam diferentes opressões. As diferentes identidades de mulheres são formadas a partir da cultura ocidental europeia, a partir da cor e etnia e não de acordo com o gênero. Enquanto mulheres escravas eram colocadas para criação de crianças brancas e consideradas agressivas sexualmente, as mulheres brancas eram caracterizadas como frágeis e fracas. Lugones ainda ressalta que o feminismo branco participa da lógica hegemônica ocidental ao oprimir as mulheres de cor.
Movimento pós-estruturalista
O movimento pós-estruturalista relaciona-se fortemente com a teoria pós-moderna e tem como foco a desconstrução da heteronormatividade e do próprio conceito de gênero. Segundo Judith Butler, principal nome dessa teoria, o agente principal da formação social seriam os discursos que estariam alienados do contexto e presos no âmbito individual. sendo assim, esse movimento coloca o indivíduo com foco na luta contra as opressões, sendo que com a quebra da normatividade e negando qualquer aspecto comum a todas as mulheres e qualquer definição prévia do ser humano, seria possível subverter a ordem ideológica.
(obs: essa teoria possui certas discordâncias e não é consenso no movimento feminista)
A opressão
A nossa sociedade capitalista busca constantemente a segregação e individualização de lutas, causas e sofrimentos, ao mesmo tempo em que, ao se objetificar os indivíduos e descontextualiza-los da sua existência, o capitalismo rejeita as particularidades de cada pessoa. Assim, o sistema assegura sua fonte de lucro, através da pluralidade de vontades e da diversidade de novos mercados consumidores.
Temos como “norma” um padrão estético que alimenta o mercado de produção e cria uma falsa autorresponsabilização da mulher para que ela seja aceita/oprimida ou não na/pela sociedade. Através desses padrões a mulher é levada a uma autoanálise constante e se considera culpada pela sua condição de oprimida e explorada. A mulher que não é valorizada no mercado de trabalho e/ou no ambiente familiar e não possui condições para comprar bens materiais, acredita que falhou como mulher, já que a visão que se é passada pela publicidade e mídia é que uma mulher de sucesso é uma mulher que possui as características colocadas anteriormente. Essa autoculpabilização engessa e divide as mulheres em competições tanto no trabalho quanto por status sociais. Persistimos em uma ideologia do “bom partido” (homem que traria uma “vida boa” para a mulher, em aspectos econômicos e morais), baseada na marginalização constante da mulher. Na busca pelo marido perfeito, a mulher se coloca com produto a ser vendido e após o casamento encontra-se e se reconhece como objeto de uso.
Vemos que a popularização da indústria da beleza faz com que a mulher sinta-se “obrigada” a consumir cada vez mais. E os homens são cada vez mais introduzidos no mercado consumidor dessa indústria, entretanto não é tão condenado como são as mulheres, quando não correspondem aos padrões. Isso ocorre pois a mulher foi e é historicamente fetichizada desde que perdeu seu valor na sociedade.
Vale ressaltar que a crítica trazida não se faz contra os avanços científicos da indústria cosmética que proporcionam melhorias à saúde ou a criação artística e cultural de roupas e acessórios. A questão levantada é quanto aos padrões inatingíveis impostos pela sociedade, que supervaloriza padrões idealizados de acordo com a cultura dominante colonizadora e exploradora e que marginalizam os setores da sociedade.
Mitos no movimento - Andrea DÁtri
1. A nós, feministas, não interessa o poder;
2. Nós, feministas, fazemos política de outra maneira;
3. Todas as feministas somos iguais;
4. Existe uma unidade natural pelo simples fato de sermos mulheres;
5. O feminismo só existe como uma política de mulheres para mulheres;
6. O pequeno grupo é o movimento;
7. Os espaços de mulheres garantem por si só um processo positivo;
8. Porque eu mulher sinto, é válido;
9. O pessoal é automaticamente político;
10. O consenso é democracia.
Vertentes do Feminismo
Feminismo liberal
O feminismo liberal é um movimento que tem como base a luta por reformas que equiparem os direitos das mulheres aos direitos dos homens em relação à propriedade e oportunidades, assim como se debruçam na inserção maior das mulheres em posições de liderança e poder na esfera política, seguindo a doutrina político-econômica do liberalismo. Ou seja, essa vertente não objetiva a ruptura da ordem capitalista vigente, mas sim a inclusão das mulheres dentro dessa ordem.
O liberalismo surgiu entre os séculos XV e XVI, porém teve maior destaque no iluminismo. A teoria liberal fazia uma oposição à ideologia das doutrinas monárquicas do Estado absolutista (ausência de direitos, adoção de medidas arbitrárias, ausência de mobilidade social, autoritarismo, etc). Os liberais defendiam a possibilidade dos indivíduos possuírem propriedades, pensamentos, escolha de votos de acordo com suas próprias vontades.
As primeiras feministas, a partir da dicotomia liberal público-privado, encontraram uma forma de reservar um espaço em que a mulher pudesse agir como desejasse sem a interferência estatal na distribuição de papeis sociais. Pautas como o direito ao aborto, à liberdade sexual, ao trabalho e muitas outras utilizaram-se dessa noção de não intervenção estatal na esfera privada do sujeito.
Ao fim do século XIX, Elizabeth Cady Stanton (uma das principais feministas liberais da época), foi muito criticada por reivindicar direitos para as mulheres que eram unicamente pautados no acesso ao trabalho e a participação política, sem refletir sobre questões domésticas e distribuição de tarefas.
A visão de que somente a partir de soluções formais, como o direito ao voto, seriam suficientes para libertar as mulheres de papeis de submissão e a visão de que o Estado não deve intervir em relações amorosas, familiares e sexuais, pois essas relações se inserem no direito à privacidade, são visões problemáticas para o feminismo. A primeira porque excluí que muitas das desigualdades e opressões partem do âmbito social, a partir da relação patriarcal e divisão de classes. A segunda porque ignora que o âmbito amoroso e familiar são onde a descriminação de gênero tem a maior expressão. A criminalização da violência doméstica, principalmente do estupro marital é um dos grandes desafios da lógica público-privado do liberalismo, uma vez que na concepção de privado no liberalismo, é difícil justificar a intervenção estatal na esfera da intimidade individual.
Embora o feminismo, em sua origem tenha se utilizado de teorias liberais e que o ideal de liberdade e igualdade tenha sido um dos elementos chave do feminismo por décadas, o liberalismo e o patriarcalismo sempre estiveram associados. Segundo Pateman, o Contrato Social nunca estendeu sua doutrina de liberdade e igualdade universal às mulheres. O “ser humano universal” possuía características masculinas. Pateman afirma que A racionalidade e a liberdade não são atributos universais quanto ao gênero. Por isso, diz ela, o contrato social é também um contrato sexual.
A estrutura social em que vivemos é pautada no patriarcalismo. É a partir da submissão e opressão da mulher que são garantidas as condições para que o homem usufrua da liberdade no espaço público, a "liberdade civil depende do direito patriarcal". Em suas obras Locke distingue o poder político do poder do “pai de família” do âmbito doméstico, afirmando que no âmbito político o poder seria convencional, passível de ser exercido sobre adultos, já o poder na esfera doméstica subordinaria os indivíduos às ordens do chefe de família (esses indivíduos não se limitam apenas às crianças, uma vez que Locke coloca que o papel do marido em relação à sua esposa está incluído em formas não políticas de poder). Ou seja, a mulher, por ser subordinada por natureza, não poderia incluir-se na esfera pública que é governada por princípios que universalizam a liberdade e a igualdade. O espaço familiar, onde se constroem e reproduzem as identidades de gênero, nunca foram incluídos na discussão teórica liberal. Pateman entende que as primeiras feministas liberais não questionaram o espaço doméstico como o lugar feminino por excelência.
O filósofo liberal, Stuart Mill coloca que mesmo após reformas que equiparassem esposas e maridos, o casamento deveria continuar representando uma carreira para a mulher. Dessa forma, Mill sustenta a divisão de trabalho no âmbito doméstico e coloca que a igualdade de gênero é uma concepção apenas formal, ou seja, que seria suficiente que as mulheres apenas conquistassem o acesso à esfera pública.
Fundamentada na identificação daquilo que é feminino com a natureza, onde essa premissa desvaloriza as atividades consideradas femininas e coloca como inquestionável e imutável a mudança de valores “naturais” das mulheres (criação dos filhos, tarefas domésticas etc), a relação entre liberalismo, patriarcalismo e capitalismo acaba sendo obscurecida.
As relações de desigualdade de gênero no trabalho não conseguem ser solucionadas pelo liberalismo uma vez que essa relação tem origem na divisão do trabalho na esfera doméstica, que na teoria liberal não é política ou socialmente relevante. Assim como, a precariedade dos trabalhos das mulheres que trabalham por necessidade, não seria resolvido pela lógica liberal, uma vez que essas mulheres foram sujeitadas apenas a tarefas mal remuneradas, desvalorizadas e que muitas vezes possuem uma lógica de reprodução da atividade doméstica.
Assim, para a condição feminina, a dicotomia público-privado, confina a mulher ao espaço doméstico, ao subordiná-la economicamente ao “chefe de família” e/ou empobrecê-la e restringe a sua participação política, justificando tudo isso a razões “naturais” imutáveis.
Feminismo Marxista
Segundo Karl Marx, a primeira forma da opressão de classes foi a dos homens sobre as mulheres. Em 1846, na ideologia alemã, a instituição familiar aparece como um dos momentos de passagem para a sociedade de classes. Considerando que o núcleo da propriedade privada reside na família, onde mulheres e crianças são escravas do homem detentor do posto de “chefe” da família. No Manifesto Comunista, Marx e Engels colocam como meta comunista a abolição da família, visto que o núcleo familiar é pilar para a opressão da mulher e para a propriedade privada.
As contribuições ao feminismo não são exclusivamente da teoria da luta de classes, mas da militância de mulheres marxistas como Clara Zetkin, figura chave na luta pelos direitos das trabalhadoras, que eram discriminadas tanto pelos patrões como também pelos próprios companheiros de classe (ex: as mulheres não puderam participar da Primeira Internacional – 1864). Clara enfatiza a importância da mudança de mentalidades, pois a situação inferiorizada da mulher decorre de sua condição social e não de sua natureza biológica.
Pós II Gerra Mundial, os partidos comunistas e socialistas europeus, não manifestaram oposição à falta de democracia do socialismo real, assim como não entenderam a importância de novos movimentos sociais de esquerda, como a revolução feminista, movimentos raciais e revoltas da juventude universitária (1965-1975). Dessa forma, a característica diferencial do feminismo marxista é o seu teor anticapitalista radical e a concordância com o principio marxista de que, até hoje, a historia da humanidade tem sido a luta de classes, dos oprimidos contra os opressores.
Diferentemente do marxismo estreito, o feminismo marxista traz à luz a afirmação de Marx e Engels de que a primeira forma de opressão de classe foi a dos homens sobre as mulheres. Essa vertente também se opõe às correntes políticas que defendem uma ideia de que uma revolução socialista (tomada do poder de Estado e socialização dos meios de produção) resolverá por si só as demais formas de opressão. O patriarcado não desaparece automaticamente com a socialização dos meios de produção, do mesmo modo que o racismo não é superado por um decreto. O patriarcado é estrutural, portanto, ele molda todas as instituições sociais, de modo a fazer com que essas instituições permeiam o modelo de opressão e submissão da mulher
Essa vertente repudia o princípio do “realismo político”, pois acredita que os meios não justificam os fins na medida em que os meios definem os fins. Pois entende que não é por meio da compra de votos de deputados, ou usando caixa dois, que vamos avançar na educação política do nosso povo.
Feminismo negro
A partir dos séculos XVIII e XIX, como subproduto da industrialização, a ideologia de feminilidade se disseminou por meio de mecanismos de propagação cultural, como revistas femininas e romances. Esses ideais possuíam alicerces de inferioridade das mulheres em relação aos homens, ao considerarem que elas não pertenciam mais ao mundo de trabalho produtivo e, assim, estavam simplesmente destinadas a serem “mães” e “donas de casa”. Tal ideologia inferiorizava a esfera doméstica em comparação com a esfera pública, a qual passou a ser sinônimo do ser masculino. Entretanto, esses papéis sexuais hierárquicos incorporados na nova ideologia contradiziam os arranjos econômicos da escravidão, por isso, esses esteriótipos não eram destinados às mulheres negras.
À medida que a ideologia patriarcal e sexista ganhava força nas relações da comunidade branca, ainda existia escravidão. O sistema escravista definia o povo negro como propriedade, sendo que homens e mulheres eram considerados, de maneira igual, forças de trabalho lucrativas. Assim, para os proprietários de escravos, as mulheres negras praticamente eram desprovidas de gênero. Não era esperado que elas representassem o papel de mães protetoras, donas de casa amáveis e de todas as características incorporadas ao “sexo frágil”. Muito pelo contrário, era necessário, aos senhores da casa grande, que as mulheres trabalhassem na lavoura tanto quanto um homem. O mito propagado de que a típica escrava era uma trabalhadora doméstica é simplesmente um mito : por volta do século XIX, sete em cada oito pessoas escravizadas, tanto homens quanto mulheres, trabalhavam em lavoura.
A exaltação da maternidade, tão visível e popular às mulheres brancas do século XIX, não era estendida às negras. Elas nunca foram consideradas mães aos olhos da sociedade branca, apenas como reprodutoras que garantiam a ampliação da força de trabalho, sendo que seus filhos, muitas vezes, eram vendidos.
Assim como as mulheres negras, enquanto trabalhadoras, não podiam ser tratadas como o “sexo frágil” ou “donas de casa”, os homens negros não podiam ser os “chefes da família” ou “provedores da família”. Homens e mulheres eram igualmente ferramentas de trabalho para a classe proprietária de mão de obra escrava.
Entretanto, apesar de serem vistas desprovidas de gênero para fins de exploração lucrativos, quando eram punidas e reprimidas, podiam ser reduzidas exclusivamente à condição de fêmea. Enquanto as punições mais cruéis impostas aos homens eram açoitamentos e mutilações, as mulheres eram açoitadas, mutiladas e estupradas. Assim, os proprietários da mão de obra escrava deixavam de lado suas atitudes sexistas ortodoxas no momento da exploração do trabalho, mas as colocava em prática quando o objetivo era a repressão.
A vida doméstica era o único lugar em que os escravos e escravas podiam recorrer a um mínimo de dignidade e humanidade, conferindo experiências como seres humanos. Por isso, as mulheres negras, que trabalhavam como os seus companheiros e eram reprimidas de formas até mais cruéis que eles, não eram inferiorizadas por suas funções domésticas e nem eram tratadas como meras “donas de casa” como ocorria com as mulheres brancas. Na verdade, os homens também executavam tarefas domésticas, por conta de elas trazerem humanidade no cotidiano. Tradicionalmente, as mulheres cozinhavam e costuravam, enquanto os homens caçavam e cuidavam da horta. Apesar de ter havido, na maioria dos casos (não era um rigor, ou seja, podia ser ao contrário), essa divisão sexual do trabalho doméstico, não era hierárquica, o que significa que uma atividade não era considerada superior ou inferior a outra, todas eram igualmente importantes e necessárias. Logo, as atitudes sexistas ortodoxas vistas nas relações interpessoais da população branca não eram expressas nas relações entre a comunidade negra. A população negra transformou a igualdade negativa que emanava da opressão sofrida como escravos e escravas em uma qualidade positiva de igualitarismo em suas relações sociais.
Além da igualdade em meio à opressão e da igualdade com seus companheiros no ambiente doméstico, as mulheres negras sustentavam a igualdade de modo combativo, resistindo e lutando contra o desumano processo da escravidão. Elas resistiam aos estupros, defendiam sua família, participavam de paralisações, de rebeliões, de ações de sabotagem e de ações de fuga. Elas participavam ativamente de modos de resistência clandestinos, onde possuíam voz ativa.
Percebe-se, então, a ironia do sistema escravagista : por meio de um sistema de exploração cruel que não distinguia sexo, criavam-se os elementos sobre os quais as mulheres negras afirmavam sua condição de igualdade em suas relações sociais e expressavam também a igualdade em atos de resistência.
Com a abolição da escravatura, as mulheres negras recém-libertas continuaram a expressar os traços de personalidade que as diferenciavam de grande parte das mulheres brancas, haja vista que essa cultura diferenciada de cunho racial foi estabelecida e desenvolvida por 400 anos de escravidão na América. Então, a disseminação dos ideais patriarcalistas no momento pós-abolição em famílias negras não se deu da noite para o dia. As mulheres negras passavam suas vivências e modos de relação a seus descendentes, sendo que isso continuava a ser moldado pela esfera racista da sociedade, uma vez que o racismo não deixou de existir com o fim da escravatura. Entretanto, apesar das mulheres negras cultivarem uma gama de características que as diferenciavam das mulheres brancas, como força e resistência, as quais estavam intimamente ligadas à questão racial, esteriótipos criados na escravidão de cunho sexista também continuaram na mentalidade da sociedade branca dominante. Assim, o estupro, a sexualização de mulheres negras e tantos outras opressões que levavam em consideração o gênero perduraram. À medida que os homens negros passaram a conviver nessa sociedade patriarcal branca, a conviver com homens brancos, a consumir a cultura hegemônica dominante (homens são superiores a mulheres; o trabalho doméstico não é humanizador, mas sim degradante e deve ser feito apenas por mulheres), os homens negros começaram a estabelecer esses ideais dentro de suas casas e aquela igualdade entre as relações sociais da comunidade negra estabelecida pelo sistema escravagista passou a ruir.
Contudo, segundo Lélia Gonzalez, apesar da discriminação sexual, as primeiras opressões sentidas, percebidas e entendidas pelas ameafricanas são as raciais e de classe, não de gênero. Isso se deve ao racismo estrutural e explícito que acomete o povo negro de forma cruel e desumana. Assim, a presença de ameafricanas nos períodos pós-abolição nos movimentos étnicos é muito mais visível e de grande ativismo do que em movimentos de combate às opressões de gênero. Apesar das mulheres negras se identificarem e participarem, no início de suas vidas, de movimentos antirracistas, como a ideologia patriarcal passa a dominar novamente as famílias negras e passa a ser expressiva nos espaços de debate e discussão em que mulheres e homens participam, são também nesses espaços que tomam consciência da discriminação sexual a que são submetidas por seus companheiros. Os homens negros reproduzem as práticas sexistas do patriarcado dominante e passam a excluir as mulheres negras de decisões e a abafar suas vozes.
Por consequência, as mulheres negras buscam o movimento de mulheres, com a esperança de que vão encontrar um movimento feminista acolhedor e que luta pelo fim das opressões sofridas por elas, as quais estão intimamente ligadas à raça. Entretanto, o que efetivamente encontram são práticas de exclusão e dominação racista realizadas pelas feministas brancas. As mulheres brancas defendiam que havia uma universalização das opressões sofridas pelo grupo “mulher”, como se existisse uma categoria em que todas elas se identificassem, independentemente de raça. Entretanto, as opressões infligidas às mulheres negras, as quais foram construídas em cima de um regime escravocrata, são diferentes das imposições às mulheres brancas. Por exemplo, uma mulher negra não podia discutir em comícios feministas hegemônicos sobre as ferramentas opressivas da sexualização de seus corpos pretos, uma vez que mulheres brancas não sofriam desse tipo de imposição social, muito pelo contrário, elas deveriam ser recatadas e do lar. Em vez das feministas brancas entenderem que seus papéis na sociedade como mulher eram diferenciados pela raça e pela classe, criaram um discurso de universalização da categoria “mulher” que tinha como base a mulher branca de classe média. Outro exemplo é que trabalhar fora de casa sem a autorização do marido nunca foi uma reinvidicação das mulheres negras ou probres. Essa conduta do movimento feminista de ignorar as vivências de cada mulher que não se enquadrasse no perfil adequado apenas promovia a perpetuação das violências contra as mulheres pretas.
Assim, as mulheres negras encontram-se invisíveis e sem possibilidade de voz para denunciar as opressões sofridas tanto no movimento antirracista quanto no movimento de gênero. As mulheres pretas se veem como constituintes da base da pirâmide social, e, por isso, somente em um movimento de mulheres negras, elas poderiam ter voz e fazer ações de combate às suas opressões.
Desde a década de 1970, militantes negras estadunidenses, como Beverly Fisher, denunciavam a exclusão e invisibilidade das companheiras dentro do movimento feminista. Já no Brasil, o feminismo negro começou a ganhar força no final da mesma década. Segundo Núbia Moreira, o estabelecimento da relação de mulheres negras com o movimento feminista se dá a partir do III Encontro Feminista Latino-Americano, que ocorreu em Bertioga, no ano de 1985. É desse encontro que emerge a organização atual de maneira coletiva de mulheres negras com o objetivo de adquirir visibilidade como agentes políticos no campo feminista. Então, surgem os primeiros coletivos de mulheres pretas no Brasil.
O feminismo negro trata de questões que foram invisibilizadas e silenciadas dentro do movimento feminista hegemônico, pois a invisibilidade da mulher negra dentro da pauta feminista propiciou que seus problemas não fossem nem nomeados. Assim, o feminismo negro denuncia a categoria universal de “mulher”, e a pensa de forma não universal e cítrica, levando em consideração a interseccionalidade. Segundo Kimberlé Crenshaw, acadêmica que cunhou o termo “interseccionalidade” : “A interseccionalidade é uma conceituação do problema que busca capturar as consequências estruturais e dinâmicas da interação entre dois ou mais eixos da subordinação. Ela trata especificamente da forma pela qual o racismo, o patriarcalismo, a opressão de classe e outros sistemas discriminatórios criam desigualdades básicas que estruturam as posições relativas de mulheres, raças, etnias, classes e outras.” Assim, o feminismo negro entende que não pode-se pensar nas opressões de formas indissociáveis e isoladas, mas sim tem que se pensar raça, classe e gênero como intrínsecas umas às outras. Com isso, a partir do olhar étnico-racial frente às violências contra a mulher, o feminismo negro consegue traçar uma verdadeira prática para tornar as mulheres negras sujeitos políticos e lutar contra as ferramentas opressivas da sociedade.
Dentro do feminismo negro, as mulheres negras possuem tipos de opressões diferentes entre si, haja vista que existe o colorismo da pele preta, isto é, existem mulheres negras de peles mais claras e de peles mais escuras. A dinâmica da violência contra elas varia também de acordo com o tom da pele. Por exemplo, a “Mulata Globeleza” é um instrumento racista utilizado contra mulheres de pele mais clara, as quais possuem seus corpos hipersexualizados, porém isso não é sentido pelas mulheres de pele retinta, as quais, pelo contrário, sofrem por serem vistas socialmente pela ideologia patriarcal-racista-elitista como seres desprovidos de sexualidade e de beleza. Além disso, as mulheres negras de pele retinta sofrem uma maior porcentagem de explorações de trabalho, com menores oportunidades no mercado, menores salários e por ai vai. Fica evidente então que nem dentro da categoria “mulher negra” há uma universalização, pois dependendo de características como tom da pele, orientação sexual, classe econômica, as violências vão ser diversas e diferentes.
Apesar da coletivização de mulheres negras ter se dado na década de 1970/1980 na sociedade ocidental, muito antes disso as mulheres negras já denunciavam a dinâmica racista implementada pelo feminismo. Um exemplo disso é o discurso da ex-escrava Sojourner Truth, em 1851, na Convenção dos Direitos das Mulheres em Ohio :
“Aquele homem ali diz que é preciso ajudar as mulheres a subir numa carruagem, é preciso carregá-las quando atravessam um lamaçal, e elas devem ocupar sempre os melhores lugares. Nunca ninguém me ajuda a subir numa carruagem, a passar por cima da lama ou me cede o melhor lugar! E não sou eu uma mulher? Olhem para mim! Olhem para meu braço! Eu capinei, eu plantei, juntei palha nos celeiros, e homem nenhum conseguiu me superar! E não sou eu uma mulher? Consegui trabalhar e comer tanto quanto um homem — quando tinha o que comer — e aguentei as chicotadas! Não sou eu uma mulher? Pari cinco filhos, e a maioria deles foi vendida como escravos. Quando manifestei minha dor de mãe, ninguém, a não ser Jesus, me ouviu! E não sou eu uma mulher?”
Termos racistas
Mulata/mulato : a palavra é de origem espanhola e vem do termo “mula”, ou seja, aquilo que é híbrido e originário do cruzamento entre espécies. A mula é um animal infértil que nasce do cruzamento entre o cavalo e jumenta ou entre égua e jumento. Em outras palavras, é o resultado do cruzamento entre um animal considerado nobre (equus coballus) com o animal tido de segunda classe (equus africanus). Assim, essa palavra foi designada para se referir de forma pejorativa a mestiçagem a tal ponto que o mestiço é visto como um indivíduo que deveria ser infértil. Esse termo é empregado desde o período colonial e era usado para designar negros de pele mais clara, frutos do estupro de escravas pelos senhores de engenho.
Feminismo Radical
A primeira onda do feminismo, também chamada por alguns de “feminismo liberal”, que pautava direitos políticos, sociais e cidadania igualitária entre homens e mulheres, sofreu uma baixa no início do século XX. Pela conquista do voto feminino, pela crise mundial instituída pós 1ª guerra, houve uma desarticulação do movimento feminista, que se reconstruiu a partir da década de 1960.
Essa reconstrução foi a circunstância do surgimento do feminismo radical, nas décadas de 60 e 70 nos Estados Unidos. A nova organização se ancora em reflexões e investigações acadêmicas sobre a origem das desigualdades sexuais, com ênfase na família, na sexualidade, na violência sexual e nos direitos sobre o corpo, seguindo forte na luta contra qualquer tipo de opressão feminina situada sobre o sistema patriarcal. “Radical” significa “raiz”: o feminismo radical olha para a raiz da opressão feminina.
“Por muito tempo foi usado como um termo pejorativo para encurralar aqueles aspectos da libertação feminina que assustavam aquelas preocupadas com a aceitação masculina, aqueles aspectos que mais ameaçavam sua imagem de respeitabilidade. Feministas radicais tornaram-se um objeto corporativo de escárnio do qual mulheres e homens poderiam se desassociar. (p.1)” - Feminist Practice: Notes from the Tenth Year (1979) — um panfleto de publicação independente por um grupo de feministas radicais inglesas — muitos dos comentários sobre o lugar do feminismo radical ainda são verdadeiros.
A teoria feminista radical é dividida em quatro partes:uma descrição do que existe e nomeação da realidade; uma análise do porquê a realidade existe e a origem da opressão das mulheres; estratégias de como mudar tal realidade; e determinar uma visão para o futuro
O feminismo radical é uma vertente que se assenta sobre a teoria de que toda a desigualdade social, em todas as sociedades, tem como raiz o patriarcado, a dominação do homem sobre a mulher. A Teoria do Patriarcado considera que os homens são os primeiros responsáveis pela opressão feminina e que o patriarcado necessita da diferenciação sexual para se manter como sistema de poder, fundamentado pela explicação de que homens e mulheres seriam, em essência, em alma diferentes. O patriarcado é a estrutura opressiva de dominação feminina, e o feminismo radical torna essa estrutura visível, mostra para o mundo o que é produto dela. Esses produtos são exercitados em todas as esferas da vida das mulheres, portanto, reprodução, casamento, heterossexualidade compulsória e maternidade são focos primárias de enfrentamento e de possibilidade de mudanças.
Essa vertente considera que, para vencer a opressão feminina é necessário não apenas esclarecer academicamente e historicamente a verdade sobre as diferenças entre os sexos e a origem da subordinação das mulheres, mas sim lutar contra os homens e contra todas as instituições formais produtos de criação do homem e, portanto, do sistema patriarcal, incluindo o Estado. Emancipação e igualdade em termos masculinos não é suficiente. É necessária uma revolução e uma eliminação completa dos processos do patriarcado. Esse argumento é muito criticado por outros pensamentos feministas e é considerado uma “guerra dos sexos”.
O feminismo radical é criado por mulheres para mulheres, não importa para o movimento o que suas reivindicações vão causar em outras pessoas. Dessa forma, Christine Delphy aponta: (…) as contradições de que resultam essa situação são alheias ao feminismo. Nós não estamos lutando por outras pessoas, mas por nós mesmas. Nós e mais ninguém somos as vítimas da opressão que denunciamos e contra a qual lutamos. E quando falamos, não é em nome de ou no lugar de outras pessoas, mas em nosso nome e do nosso lugar. (1984, p. 146)
Algumas pautas e reivindicações do feminismo atuante a partir da década de 70: defesa da legalização do divórcio, aceitação dos filhos “ilegítimos”, reivindicação de creches para os filhos de mulheres trabalhadoras, descriminalização do aborto, criminalização da violência contra a mulher.
Uma das contribuições mais significativas do movimento feminista radical foi a instalação dos grupos de autoconsciência, que instaurava uma agenda voltada para que as mulheres pudessem conhecer práticas de uma vida alternativa. Essa ideia tinha como base a teoria de que os homens, sendo de elite ou não, possuíam benefícios econômicos, psicológicos e sexuais do sistema patriarcal, o que aprofundava a dimensão psicológica da opressão feminina. A luta política do movimento radical tinha, portanto, como base essa autoconsciência, libertação do próprio corpo e da própria situação social. O feminismo radical é, portanto, definido enquanto individualidade das mulheres, tem como princípio estimulá-las a tomarem de volta seu Eu verdadeiro, se tornarem amantes de si mesmas. Mary Daly chama esse feminismo de “uma jornada de apropriação feminina”.
Um aspecto importante da prática do movimento feminista radical é o trabalho coletivo, a fim de eliminar o conceito de hierarquia, que coloca muito poder na mão de poucos e desvaloriza muitos. Esse trabalho em nome de um objetivo comum dá valor a cada mulher, dá voz e torna todas responsáveis pelo produto das ações. Além disso, existe um trabalho, pautado na noção do movimento enquanto uma oportunidade de autoconhecimento para as mulheres, de desenvolver uma ginecologia anti-patriarcado. O movimento para a saúde feminina tem como base o fornecimento de conhecimento a respeito do próprio corpo, das possibilidades que ele promove e os cuidados que se deve ter, de forma que as mulheres sejam detentoras e produtoras dessas informações, de forma que não precisem mais estar reféns de instituições patriarcais para garantir sua própria saúde e bem estar. A detenção dessas informações funciona como uma ferramenta de luta e insubordinação em relação ao patriarcado.
A luta feminista radical tem como perspectiva política a ideia de que a existência social de homens e mulheres foi criada ao invés de ser natural, e do direito das mulheres de não serem diferentes, mas autônomas, além da premissa de que mulheres formam uma classe social baseada no sexo. Como Kate Millet (1971) escreveu: “o sexo é uma categoria de status com implicações políticas”.
O feminismo radical se separa do feminismo “tradicional” a partir dessa ideia, de que ser mulher é uma classe social e política oprimida, de que o sistema macho/fêmea é a primeira forma de opressão feminina, de que todos os outros sistemas de classe são erguidos sobre essa distinção.
“As mulheres não serão livres até que todas as classes oprimidas estejam livres. Eu não estou sugerindo que mulheres trabalhem para libertar outras classes. Entretanto, no caso de mulheres que oprimem outras mulheres, o exercício de privilégio de classe por identificação em efeito imobiliza a classe sexual em seu lugar. Quando os interesses de alguém se identificam com aqueles de qualquer classe com poder, a posição dessa classe é mantida. Enquanto qualquer sistema de classes existir, ele existirá apoiado nas costas das mulheres.” - Ti-Grace Atkinson (1974)
Textos base:
https://www.marxismo.org.br/feminismo-segundo-a-perspectiva-marxista-parte-1/
https://www.marxismo.org.br/feminismo-segundo-a-perspectiva-marxista-parte-2/
https://www.marxismo.org.br/feminismo-segundo-a-perspectiva-marxista-parte-3/
https://www.marxismo.org.br/feminismo-segundo-a-perspectiva-marxista-parte-4/
https://www.marxismo.org.br/feminismo-segundo-a-perspectiva-marxista-parte-5/
https://www.marxismo.org.br/feminismo-segundo-a-perspectiva-marxista-parte-6/
https://www.marxismo.org.br/feminismo-segundo-a-perspectiva-marxista-parte-7/
https://textura.famam.com.br/textura/article/view/251/225
“Mulheres, Raça e Classe” - Angela Davis (Segundo capítulo do livro)
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/271077/mod_resource/content/1/Por%20um%20feminismo%20Afro-latino-americano.pdf (Lélia Gonzalez : Por um feminismo afro-latino-americano)
“Quem tem medo do feminismo negro?” - Djamila Ribeiro (As diversas ondas do feminismo acadêmico; Quem tem medo do feminismo negro?; Feminismo negro para um novo marco civilizatório; A Mulata Globeleza : um manifesto
https://medium.com/qg-feminista/o-que-%C3%A9-esse-tal-de-feminismo-liberal-12c2c28e4b37
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782010000200009&lng=pt&nrm=iso
https://drive.google.com/file/d/1TFFKB6gKMBvxflKE4wMoRpAexnCbcqXa/viewhttps://medium.com/qg-feminista/o-que-%C3%A9-esse-tal-de-feminismo-liberal-12c2c28e4b37 https://medium.com/qg-feminista/feminismo-liberal-e-a-m%C3%ADdia-a-regress%C3%A3o-ao-vender-o-movimento-fe3df1b88463
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782010000200009&lng=pt&nrm=iso
https://drive.google.com/file/d/1TFFKB6gKMBvxflKE4wMoRpAexnCbcqXa/view